Pode-se afirmar que, no campo da música experimental, John Cage(1912-1992) foi um dos principais experimentadores do silêncio. O compositor, nascido em Los Angeles, Califórnia (EUA), é considerado o pai do indeterminismo, corrente inspirada na filosofia budista Zen (1), que rejeita os princípios convencionais da criação musical, em favor de uma abordagem baseada na improvisação e na construção aleatória de sons.
Cage verificou na câmara anecóica, em experimento realizado em Harvard (EUA), que o silêncio não é um fenômeno acústico pois dentro desta câmara ‘a prova de som’, pôde ouvir o som do seu sistema nervoso e de sua corrente sanguínea. “O silêncio não é acústico(…) é uma mudança na mente, uma reviravolta.”(2). Em sua obra mais famosa, 4’33”, o interprete fica com o instrumento sem tocar nenhuma nota por 4 minutos e 33 segundos, se levanta, agradece e vai embora. A música se faz pelos ruídos do ambiente acústico que são ressaltados pelo silêncio do músico. “Não há silêncio que não esteja grávido/ prenhe de som.”(3)
Na travessia da “Gruta do Lapão”, situada entre Lençóis e o Barro Branco, também há lugar para se ouvir. Um estudo dos topônimos da Chapada Diamantina (4), identifica a Gruta do Lapão: “Taxinomia: geomorfotopônimo Entrada lexical: lapa. Substantivo feminino e Cavidade em rochedo, gruta. Informações enciclopédicas: segunda maior Gruta de quartzito do Brasil. Possui cerca de 1.200 m de extensão. Localiza-se a 4k a NO de Lençóis. Contexto: Ao chegar no clarão da saída, o visual é fantástico. O vão se abre até alcançar 30 m ou mais de altura (…). Nas paredes, as plantas aproveitam rachaduras, fendas e pequenas minas de água para formar jardins suspensos onde a luz fraca permite o seu estabelecimento. Até as árvores crescem aqui, onde não chove e o o sol não entra diretamente” (5).
No vídeo abaixo, John Cage realiza a performance “Water Walk”, em janeiro de 1960, no programa de televisão “I’ve Got A Secret.”