alucinações musicais

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Após a industrialização os equipamentos sonoros tornaram-se cada vez mais potentes, portáteis e acessíveis e hoje é praticamente impossível não escutar música todo o tempo, gostemos dela ou não.
“…nos anos 1870, havia bastante música para se ouvir, mas ela não era onipresente. Era preciso procurar outras pessoas para ouvir cantos (e participar deles): a igreja, as reuniões de família, as festas. Para ouvir música instrumental, quem não possuia piano ou outro instrumento em casa tinha que ir a igreja ou a um concerto. Tudo isso mudou com o advento das gravações, das transmissões radiofônicas e dos filmes.
De repente a música passou a estar por toda parte.
Hoje estamos cercados por um incessante bombardeio musical, queiramos ou não.
Metade de nós vive plugada em Ipods, 24 horas imersa em concertos com repertório da própria escolha praticamente alheia ao ambiente e para quem não está plugado há música incessante e muitas vezes ensurdecedora nos restaurantes, bares, lojas e academias. Essa barragem musical gera certa tensão em nosso sistema auditivo primorosamente sensível o qual não pode ser sobrecarregado sem temíveis consequências. Uma delas é a grave perda de audição encontrada em parcelas cada vez maiores da população, mesmo entre jovens e particularmente entre os músicos. Outra são as irritantes músicas que não saem da cabeça, os brainworms que chegam sem ser chamados e só vão embora quando bem entendem.” (1)

1.Sacks, Oliver, Alucinações Musicais, 2007.

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