Nasceu em Zurique, Suíça em 1913 (seu pai era um músico checo e, sua mãe, de origem cigana). Mudou-se para o Brasil em 1937 contratado pela Rádio Farroupilha de Porto Alegre, onde também foi professor de violoncelo do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul. Depois, Smetak mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Orquestra Sinfônica Brasileira, em emissoras de rádio e no teatro Municipal. Em 1952, transferiu-se para São Paulo, trabalhando em outras rádios e no Teatro Municipal. Neste período, adota o ofício de luthier, construindo e consertando violinos.
Em 1957, é convidado pelo maestro Hans-Joachim Koellreutter a participar dos Seminários de Mùsica da Universidade Federal da Bahia, contribuindo para o momento de efervescência que a Bahia viveu no mundo das artes, da cultura e do pensamento. Entre o fim dos ano 50 e começo da década de 60, Salvador vive um período que o historiador Antonio Risério denominou o ‘’avant garde na Bahia’’. Durante o governo democrático de Juracy Magalhães, e da gestão do reitor da Universidade Federal da Bahia, prof. Edgar Santos, chegaram a Salvador artistas e intelectuais da vanguarda européia, como o pensador português Agostinho da Silva, a arquiteta italiana Lina Bo Bardi, a dançarina russa Yanka Rudzka, além dos músicos nórdicos Koellreutter e Smetak.
Rudzka cria a primeira escola de dança contemporânea do país, Martin Gonçalves transforma a escola de teatro em uma das principais da cena brasileira, com montagens ousadas de Brecht, Lina Bo Bardi cria os projetos do Museu de Arte Popular e do Museu de Arte Moderna da Bahia, tornando-se sua primeira diretora, e Koellreutter e Smetak implementam os Seminários Livres de Musica e ensinam a música experimental e erudita das escolas de vanguarda européias, ao mesmo tempo em que exploram as matrizes musicais brasileiras.
Smetak deu aulas de violoncelo e improvisação na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Lá , no subsolo, montou sua oficina-laboratório, onde viria a inventar e construir com cabaça, plastico, isopor e bobinas seus novos instrumentos musicais.
Em dezembro de 1966, Smetak participa da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador, junto a artistas como Lygia Clark e Franz Krajberg, e recebe o Prêmio Especial de Pesquisa. Em 1968,Walter Smetak naturaliza-se brasileiro (…) Ao longo de sua vida, escreveu cerca de 30 livros, três peças de tearo, ensaios e teorias.
Smetak também criou peças raras, a partir de reflexões ligadas a Eubiose (movimento esotérico e místico que une filosofia, religião e ciência e busca desenvolver as faculdades internas e poderes latentes do ser humano para promover o equilibrio entre o corpo físico, o mental e o espiritual). Nesse sentido, alguns instrumentos foram produzidos com o objetivo de domar o ego e unir as pessoas, como no caso de “Pindorama”, um instrumento de sopro que era tocado por 28 pessoas ao mesmo tempo.
Dele, foram lançados os discos “Walter Smetak” (1974), pela Philips, produzido por Roberto Santana e Caetano Veloso, e montado por Caetano e Gilberto Gil, com capa de Rogerio Duarte. E “interregno – Walter Smetak & Conjunto de Microtons” (1980), patrocinado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia.
Smetak recebeu a Ordem do Merito Cultural na classe de Grã-Cruz em 2007, em reconhecimento a sua contribuição a cultura brasileira, ao lado de nomes como Cartola, Dodô e Osmar, Glauber Rocha, Grande Otelo, Helio Oiticia, Lina Bo Bardi, Luiz Gonzaga e Tom Jobim.
Em 1984, ele faleceu em Salvador, por conta dos efeitos de um enfisema pulmonar, Em 2007, um projeto da Casa Redonda Produções viabilizou o restauro, a catalogação, digitalização e divulgação da totalidade da sua obra. O projeto Smetak Imprevisto (…) incluiu duas exposições de mesmo nome, realizadas nos MAM da Bahia e São Paulo, em 2007 e 2008 respectivamente. Graças a esta iniciativa, hoje e possivel o acesso e conhecimento da totalidade da obra de Smetak no site www.waltersmetak.com. Alem de fotos das plasticas sonoras, existem poesias, peças de teatro, registros sonoros, fotografias, partituras, ensaios e teorias.
Atualmente, o acervo que pertence aos filhos de Smetak encontra-se sobre a salvaguarda da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.(1)
(1) CENTRO CULTURAL SOLAR FERRÃO
Rua Gregório de Mattos, 45
PELOURINHO- SALVADOR/BAHIA
www.ipac.ba.gov.br | dimusbahia.wordpress. com
Salve! Pra quem gostou do tema, vale a pena conferir o trabalho de Jessica Smetak, neta e jornalista. Saiba mais em http://g1.globo.com/bahia/musica/noticia/2013/11/neta-reconta-vida-de-walter-smetak-em-livro-ele-era-uma-figura-mistica.html